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Pensava-se como gravar a lista, minuciosamente escolhida, pois as músicas eram gravadas numa determinada e única ordem, havendo só uma tentativa, senão só havia uma hipótese: o verbo regravar. Mas com a consciência de que as gravações tinham que ficar bem à primeira, para não estragar a fita com a sobreposição. Sempre com cuidado e atenção no volume do som de cada gravação, para controlar a qualidade, porque não se queriam aqueles famosos altos e baixos de uma música para outra. Foram muitas as cassetes gravadas, mas aquela cassete preta foi especial, porque foi gravada com o que se sentia no momento.
As teclas rec e play a postos no início, para serem carregadas em simultâneo naquele preciso momento, o escutar em cada minuto gravado, o desafio de cada música por gravar. E quando a fita decidia que queria descansar enrolando-se no leitor de cassetes, já se sabia que ou usávamos uma caneta ou os dedos para pô-la novamente no lugar.
Eram levadas para concertos que tinham momentos dignos de serem gravados, registavam conversas, ou até pensamentos, cada uma com a sua história, eram quase como que um livro a cantar para nós.
Depois da sensação de missão cumprida, nada melhor do que ouvir as músicas no walkman, uma navegação em cada melodia, em que o som analógico não passa despercebido por a gravação áudio conter uma grande quantidade de informação, uma amplitude sonora enorme, desde o som muito grave ao muito agudo, em que se começa a divagar com aquele tipo de som genuíno, aquelas imperfeições características, aquele som vivo... passados 15 minutos de gravação, ao querer ouvir a primeira música novamente, que por sua vez é uma preferida, eis que só há uma segunda hipótese: o verbo rebobinar.
Inventada pela empresa holandesa Philips em 1963, muito famosa entre as décadas de 70 e 80, com a aproximação do seu fim na década de 90. A tabela cronológica continuou, registando a cassete numa época, e agora é considerada como sendo um objecto de design retro e também de colecção. Até que alguns designers lembraram-se e usaram-na como representação de uma ideia para as mais variadas situações, desde estampados em t-shirts, em joalharia como pendentes,
a artista Erika Iris Simmons no seu projecto Ghost in the Machine, que utiliza a fita para fazer nascer ícones da música, cinema e ciência.
Até reciclarem-nas por exemplo em carteiras, malas, candeeiros, cadeiras... e também neste armário da
Creative Barn, de madeira onde foram aplicadas 918 cassetes:
Photo: Wouter Walmink