Estava no ano de 1829 era Verão, tinha então Félix Mendelssohn Bartholdy 20 anos, chegou até à ilha misteriosa de barco, como sendo o único meio de transporte. Ansiava por descobrir o desconhecido, e o mágico mar, com as ondas a guiarem o barco que o levava, a paisagem marinha que lhe transmitia calma e ao mesmo tempo tempestuosidade, o cheiro da maresia que lhe abria a imaginação, os sons sobrenaturais das ondas e das aves, que comparava com cada nota musical, e a primeira aparição da caverna que iluminou os pensamentos, conhecida como gruta de Fingal, situada na pequena ilha deserta de Staffa, que faz parte de um conjunto de ilhas (algumas habitadas e outras desertas até hoje) - as Hébridas, a oeste da Escócia. Foi uma chegada grandiosa de barco, ao avistar os primeiros sinais da majestade do local, onde a imponência da gruta com os seus 20 metros de altura e 75 metros de profundidade, o tecto arqueado, fizessem com que os ecos das ondas do mar lhe lembrassem um som parecido ao de um órgão de catedral, a própria arquitectura natural do tempo fez com que a gruta parecesse uma catedral digna de ser visitada.
Ficou tão impressionado e até inspirado a compor a sua obra, tendo enviado uma carta com a composição, no mesmo dia à sua irmã, que também estava ligada à música, para lhe demonstrar o quanto aquele lugar lhe tinha marcado. Mendelssohn ficou um ano a trabalhar na obra tendo-a nomeado de Die Hebriden (As Hébridas) na partitura de orquestra; e nomeou Die Fingalshöhle (A Gruta de Fingal) nas partes de cada instrumento.
As Hébridas OP.26
Link para verem galeria de fotos das Hébridas: globeholidays.net
Para além de Mendelssohn, vários artistas Românticos* também ficaram inspirados com estas grutas; Jules Verne, Turner, entre outros.
* Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico que surgiu nas últimas décadas do século XVIII na Europa até grande parte do século XIX.
Arthur Rackham Illustration
O início é levado pelo vento, micro partículas seguem o seu caminho sem saberem para onde vão, são poeiras verde-amareladas, amarelas, que precisam de um local para depositarem o que levam consigo, imensas cores, formas, texturas, tamanhos e o mais importante, o código para dar origem a uma nova vida. Mais tarde se forem bem afortunadas irão dar forma a flores, árvores e frutos.
O seu caminho é atribulado, não só o vento como os insectos vão ajudar neste longo processo, as mais corajosas agarram-se ao dorso das abelhas, aproveitam a longa jornada e confiam no bom gosto destas para a escolha da futura casa, quando olham para baixo vêem as outras partículas que preferiram, ou melhor, não tiveram escolha, e tiveram que se colar a um besouro, viagem esta mais cómoda mas também mais lenta. Algumas não encontram o seu objectivo e acabam por ficar presas entre umas pétalas de cor lilás por sinal, estas não tiveram a mesma sorte das suas amigas.
O céu está limpo e deixa passar totalmente a luz do sol para as flores começarem a segunda parte da viagem, o código vai ser descodificado e assim dar origem a formas de vida idêntica, com todas as particularidades dos seus antepassados, para dar continuidade à sua espécie.
Amanhã não sabem como vai ser o dia, porque toda a viagem foi e é um mero acaso.
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